Quando era jovem achava que poderia fazer tudo sozinha.
Queria mudar as pessoas, abraçar o mundo e transformá-lo
com minhas ideias. São incríveis as coisas que pensamos fazer enquanto jovens.
Quando iniciamos a vida adulta, vêm as responsabilidades:
ter uma formação, o primeiro emprego, etc. No decorrer da vida, muitas vezes,
somos obrigados a abandonar nossos ideais em nome da sobrevivência.
Começamos a dançar conforme a musica que o mundo moderno
toca dedicando nossas vidas ao trabalho, ao trabalho e, mais uma vez, ao
trabalho. Dedicamos todo o nosso tempo ao sucesso, à qualificação, à conquista
de novos horizontes e ao progresso.
Ah, o progresso! Todos os dias somos bombardeados com
evoluções tecnológicas, tudo para nos escravizar, quero dizer, “facilitar a
nossa vida”.
Vamos pensar um pouco: Se todas as novidades tecnológicas
fossem realmente para facilitar processos e simplificar a vida, não deveríamos
ter mais tempo para o lazer, a família ou exercitar nossos pensamentos, sejam
eles políticos ou culturais?
Se todos os avanços pelos quais passamos nos últimos 20
anos foram realmente feitos para o nosso desenvolvimento, então, por que o estresse
é considerado o mal do século XXI, ou inimigo invisível e, por que passamos
mais tempo no trabalho?
Falamos de simplificar, facilitar, progresso. Progresso de
quem? Para quem?
Inovações como Iphone, Ipod, Ipad e redes sociais ocupam
nossos dias e, o que deveria tornas nossas vidas mais ágeis e menos monótonas,
acaba construindo barreiras em nossos relacionamentos.
Hoje, é comum ter mais de 300 amigos nas redes sociais, mas,
quem tem 300 amigos? Com quantos deles podemos contar em todos os momentos?
Passamos mais tempo em nossos locais de trabalho e em redes
sociais do que com os nossos amigos de “carne e osso” e nossos familiares.
A tecnologia é importante e válida, desde que seja
utilizada com consciência e responsabilidade.
Apesar de tantas novidades, ainda prefiro colar fotografias
em um álbum, sentir a emoção que cada uma delas podem me passar e a grande
viagem que posso fazer a um passado feliz ao tocá-las.
Ainda prefiro entrar em uma livraria e passar horas em
busca do livro perfeito, sentir o seu cheiro e ouvir o som de uma página
virando. Ainda prefiro o silêncio e o tempo para reflexão dos meus atos ao
barulho provocado e o tempo roubado pelas ferramentas de comunicação.
Como disse Arnaldo Jabor em uma de suas crônicas a rádio
CBN, as ferramentas de comunicação tornaram nossas vidas menos monótonas, mas,
é impossível pensar sem silêncio.
Somos seres pensantes e, nosso pensamento crítico é a
verdadeira ferramenta que nos qualifica e nos destaca em todas as áreas de
nossas vidas.
Liberdade de pensamento não é privilegio de uma pequena
fatia da humanidade e sim, direito de todos.